26 de nov. de 2009

Nova Festa

Temo, não raras vezes, estar estimulando pessoas para festas que não existem. Como se eu estivesse dizendo “ faz o que eu digo mas não faças o que eu faço” e, sinceramente, isto incomoda-me. E incomoda-me porque me apetece fazer exactamente o contrário daquilo que me faz infeliz. O tédio faz-me espécie…

Por isso, lanço-vos daqui um repto: - uma FESTA, lá para o fim de Janeiro de 2010, para celebrar o aniversário do Cabaret des Morts.

Não me façam questões! Ou é ou não é!

Aceitam-se inscrições aqui, - e apenas aqui! – até ao fim do ano.

A festa faz-se com quem, de direito e vontade, estiver propenso à celebração...

Um mundo imenso de possibilidades

Vou contar-vos, à minha maneira, uma história horrível. Tantos filmes ma contaram de maneira diferente, tantas canções, e um livro de filosofia dos tempos de liceu. Tomai, portanto, esta missiva como um plágio adaptado às lições que a vida me deu…

A vida cansa, - a sério! – Uma pessoa levanta-se de manhã, a fazer de conta que corre atrás de um sonho, faz via-sacra pelo destino, chega ao trabalho e está lá um pesadelo que acordou maldisposto…

Com o passar do tempo, a consciência rejeita-se a adiamentos e ataca onde mais dói. Bate nas têmporas como um coração que não pára de ladrar a noite inteira. Calçam-se os chinelos de quarto e vem-se à cozinha abrir-lhe a porta, fumar um cigarro.

As horas de sono escasseiam, o tempo discorre naturalmente e o relógio aponta à luz da manhã como um carro de polícia num beco sem saída. Quer-se mergulhar de novo em sono profundo mas, vai-se a ver, e os sonhos são publicitários: - carro, renda, dinheiro para as contas do bar; casamento, casa própria, carro familiar, roupa nova para os miúdos; liceu, universidade. Vem pelo meio uma depressão e depois cunhas na repartição…

…e o tempo passou!

Pelo caminho finaram-se veios de tesão, adiados para venturas maiores. Ah! Mas negai essa falsa volúpia. Perderam-se almas grandiosas por adiamento, em copos e partidas de cartas e, hoje, mijando pelas pernas abaixo, sepultados vivos nos lares, se dirigem aos netos com o maior descaramento do mundo: - “se eu tivesse a tua idade…”


Acreditai em mim quando vos digo: - “SEREIS AMADOS POR DEUS E PELO DIABO ENQUANTO VOS DURAR A FOGUEIRA DA MOCIDADE! E TUDO VOS É POSSÍVEL!”

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21 de nov. de 2009

A Lei


Diz a Lei que o desconhecimento desta não serve de atenuante em caso de prevaricação. Ou seja, por mais calhamaços escritos em aramaico, números, artigos e outras disposições em que assente a Lei, está o cidadão tolhido se proceder contrariamente ao previsto.

Conheço, felizmente, muitas pessoas inteligentes, bem formadas, informadas, com uma cultura geral irrepreensível mas, as únicas realmente capazes de me assessorar dúvidas jurídicas, cursaram Direito. Porque será? – Pergunto-me.

Há por aí muita gente que, se soubesse a Lei, não teria a profissão que tem porque, pese a cegueira a que nos habituamos, um advogado goza de mais estatuto e ordenado que uma empregada de limpeza. Julgo haver por aí muitos trolhas que preferiam ser advogados. Não tenho nada contra os advogados e, se tiver, deixo-o de parte nestas minhas considerações. Os primeiros, porém, desconhecendo os trâmites legais, podem estar neste preciso momento incorrendo em prevaricações muito estudadas e para as quais existe moldura penal.

Ora, o problema não reside no facto de um trolha não conhecer a lei, mas na possibilidade quase matemática de ninguém a conhecer na sua plenitude. E isto, para quem aspira andar de costas direitas, faz hérnia. E porquê? Porque andar nos trilhos de uma Lei suficientemente vasta para tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente, implica andar derreado perante os que, podendo adulterá-la em interpretações de bel-prazer e ganhando dinheiro com isso, demitem franqueza e seriedade aos corações mais puros.

Ora, uma Lei partilhada por todos deveria resumir-se a uma carta, a um código deontológico suficientemente altruísta e esclarecedor como a Carta dos Direitos Humanos. Não adianta de muito alargá-la, quando nem esses direitos tão básicos continuam a ser atropelados. Isto incomoda-me.

Incomoda-me ter de pautar a minha existência por uma cartilha de mentiras travestidas de virtude e assentá-la, não em factos, mas em percepções de factos, e suportar-me ignorantemente acorrentado. Viver em democracia não nos iliba a ignorância; vestir a mesma roupa não nos bane a falta de gosto; dizermos todos o mesmo não basta para ter razão.

Os ideais reinventam-se a cada geração. Em contrapartida, as ficções sociais a que nos sujeitamos são tão reais como as telenovelas e actuais como as tragédias gregas, triando ad libitum os bons dos maus, sem régua para as pessoas que tomam boas e más decisões.

E é precisamente aqui, entre as normas inventadas para a coexistência do ser humano em sociedade e a anarquia de ser livre como um animal à solta, que entra a Ética, enquanto esforço filosófico de questionamento da moral.

É, nesse permeio, entre o ser animal e o agir social, que reside o excremento e a excelência da raça humana. Também aí, e não sei se por condição ou intervenção divina (razão pela qual tanto duvido como acredito) se instalou o livre arbítrio, - a mais perfeita das ironias!
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15 de nov. de 2009

-" Estou atrasada! Estou atrasada!", disse a Amora Silvestre ao entrar no País das Maravilhas.
- "Oh... perdão, no Cabaret! Estou atrasada, estou atrasada!"


Eu , sou Amora, a fada. Sim, porque no Cabaret tudo é permitido e ainda que a magia tenha caído em descrédito, nós fadas existimos e aqui estou eu para o comprovar.
Resolvi deixar os bosques, sair do anonimato e aceitar o convite do Mal para assim colorir a negrito também, se for o caso, a tela encantada do pensamento.
Sem mais demora e porque o tempo para praticar o bem é escasso, lanço aqui um "Manto de Estrelas" para que o encantamento possa principiar.

Imagino-me,

Deitada sob um manto de estrelas,

suspensa,

de corpo invisível,

com contornos de luz.

o meu corpo corpóreo e incorpóreo

viaja até ti por espaços perdidos,

tocando teus lábios- borboleta,

selando,

imprimindo,

mágico e transcendente sentir

coeso e disperso no devir...

Imagino-te,

Árvore branca nascida de uma constelação

Iluminada,

singela,

ardente de paixão.

Oscilo nos teus ramos,

como num baloiço de infância,

sentindo a brisa no rosto

e a alma a rodopiar

numa valsa interminável...

Lanço beijos e caricias ao luar,

no desejo pleno de te alcançar.


Beijos coloridos e sonhadores.



12 de nov. de 2009

A Festa só agora começou...

O sobreviver a uma catástrofe, ou ser subjulgado em grupo por alguém, tende a unir as pessoas, dar força ao grupo para ultrapassar as advertências... Mas porquê esperar por isso para estarmos unidos? Porque não dar uma Festa?
Assim foi, um festim como manda a regra, gente vestida a rigor com toda a vontade de se libertar e estar em liberdade, passo a redundância. Pessoas com mentalidades, aberturas, crenças, vontades, limites diferentes, mas que naquele dia decidiram deixar tudo isso para trás...

Gostaria de deixar aqui o meu agradecimento a quem decidiu bater o pé a todos esses moralismos, e se sentiu a vontade com as pessoas que estavam de braços abertos para os receber. O meu agradecimento também a quem se despojou de manias e costumes e deu o passo em frente para organizar aquele Banquete. Parabéns

Nada acabou, tudo começou...

9 de nov. de 2009

E pronto. Acabou-se a festa.

No cinema recorre-se por vezes à técnica de filmar uma grande chuvada depois de uma série de acontecimentos com forte carga emocional. O objectivo é basicamente fechar um capítulo e desembargar a tensão acumulada. Na verdade, e não apenas no cinema, o elemento água é talvez o veio purificador mais poderoso que a natureza nos colocou à disposição.

Ocorreu-me isto porque hoje choveu e eu sinto-me lavado. Por dentro, a sensação é de rescaldo depois de um incêndio e o meu corpo reage com cautela às arranhadelas deixadas por esfregões ávidos e escovas de arame…

A vida poderia ser uma festa e nós só teríamos de continuá-la. Mas abateu-se sobre o nosso tempo uma forma de pensar que roça a doença. Vigora entre nós uma corrente de pensamento que nos impele a impor sevícias ao corpo e à alma, para que mereçamos a felicidade. Ah, mas eu gosto de me vestir pelo avesso e fazer exactamente o contrário daquilo que me faz infeliz. O tédio embaraça-me, o costume atrapalha-me e a afinação da virtude por lamirés roubados enoja-me. Não me quero envenenado. Quero-me livre e experimentado. Faça-se a festa. Para grandes males, grandes remédios e, se for preciso, tome-se o xarope todo.

PS: Os meus mais sentidos agradecimentos a todos quantos se livraram de preconceitos e abrilhantaram o Ultimate Sex Power Fest com a sua presença. Um agradecimento muito especial ao meu grande amigo e camarada da Comissão Instaladora, sem o qual este deboche não se teria realizado...
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