22 de mai. de 2008

Para onde o sol nasce

Não há nada de científico nas minhas paranóias. Mas detenho-me nelas com uma determinação de fazer corar qualquer investigador. E gozo-me nelas, rebanho-me. Entro por elas adentro com a determinação anarca dum sono profundo. E romantizo.
Ás vezes penso se os pontos cardeais para onde estou virado influenciam a minha escrita, a inspiração ou, como me gosto de lhe chamar, a ausência de bloqueio. Tenho a impressão que ergo mais taças virado para nascente. É um facto que as despejo com mais vigor tombado para Oeste. Não sei se fornico melhor para Norte ou para Sul mas, agora que penso nisso, seguramente fará mais sentido virar-me para onde o sol se levanta, aproveitando o movimento de rotação da terra para cofiar o pêlo com o seu pente de luz.
No meu novelo ensarilhado estas coisas fazem sentido. Até porque as leis da natureza nos confrontam com a sua gravidade. Gaudi percebeu isto a tempo e inverteu o esquema com a nobreza nua de quem não precisa de um espelho para se questionar. Já a carroça que o atropelou devia vir a pensar na morte da bezerra quando lhe saiu ao caminho aquele cordeiro de deus…

Isto é capaz de ter seguimento…

10 de mai. de 2008

Fogo natural

Todas as pessoas têm um fogo natural,
Uma fogueira de inconstância que aquece os pés ao desejo.
O meu fogo, enquanto labareda, apagou-se.
Aquilo que os meus amigos pensam ser o calor do meu afecto
É, tão só, um remoinho revolto de cinza
Num braseiro condenado.

Manifesto

Estou farto que me digam que eu não vou mudar o mundo! Porque eu não o pretendo mudar. Quero só canalizar um pouco mais de vinho e menos filhos-da-puta para os meus lados. Quando ouço falar da crise dos mercados, da economia e dos cereais, arrepiam-se-me os pêlos do cu. Estes gajos mudaram o mundo a seu bel-prazer, fizeram merda atrás de merda, encheram os bolsos com indemnizações chorudas e ala moleiro que me vou para onde o sol brilha. Dizem adeus ao mundo badalhoco, que nunca se iria emporcalhar com as suas fábricas virtuosas de emprego, e agora bebam a água do esgoto ou comprem-na aos bidões. E adieu para a ilha dos amores estufar sereias…