21 de abr. de 2013

Domingo, depois da explosão e da chuva



Deixa-me pensar em ti
Domingo, depois da explosão e da chuva.

A armadura por polir na cadeira do quarto
Como roupa de sábado à noite

Não sei que te desejo,
Desconheço o teu perfume
Mas há um outdoor teu na minha cidade interior…

Gosto de estar só.
É até ridículo queixar-me do trânsito e dos semáforos
Nas avenidas onde o Apocalipse levou só pessoas.

Quebro todas as regras de sociabilidade
Acelerando um carro roubado ciente de não haver gente para atropelar
Ou clínicos para me desenlaçarem os músculos
Ou apenas repor os ossos no sítio…

Quero lá saber!

Na minha cidade interior as histórias acontecem como nos filmes
E o mundo real é uma cerimónia que
Revisito apenas para dar estrume ao sonho.

Sou podre no mundo real
Mas há uma floresta no submundo dos sonhos
Que subsiste à conta dessa podridão…

Deixa-me pensar em ti
Domingo, depois da explosão e da chuva…

Deixa oferecer-te o cartão dourado
Que abre uma passagem no espelho para o onírico.
Por túneis de sebes floridas
E regos de uma água lacriluminosa que pinga do viço
E das folhas
Ante um circo atrás dos montes…

Escrevo para te dar esse mundo!
Não para viver nele contigo
Mas apenas porque me vou

...E te levo indelével numa memória em flor.




2 comentários:

André Imaginário disse...

Simplesmente sublime!

Sr. Mal disse...

Obrigado, amigo. Um abraço