Ultimaters:
Breve chega o nosso Dia!
Bem sei que me tomáveis absorto e distante, silencioso. Foi, não sem preocupação, que me víeis relaxado, tomando aquele que muito bem poderá ser o último Porto de um homem livre antes da guerra…
Mas no espírito de um homem de paz, serenado em beleza à proa dos elementos, habita um outro que se não bebe de sol poente, e para quem o ribombar das ondas prenuncia apenas terra firme… onde contra as pedras melhor se esmaga o crânio inimigo.
O nosso mundo foi tomado por ditadores sem rosto! Invasores que espargem sobre a nossa honra, sobre os nossos valores e convicções, um medo com sabor a chocolate. E há, ainda, neste mundo onde chegamos quase a ser felizes quando nos aprontávamos para despir a máscara das roupas, numa entrega genuína ao amor-livre, traidores. Traidores, sim. Há entre nós traidores que respondem ao gesto elegante dessa vil assombração com luvas de general que, na sombra, cofia o pêlo a um gato siamês.
Não é mais tempo de refrear os nossos ímpetos! Não é mais tempo de viver a correr e trabalhar dobrado, custeando ad eternum o dízimo recolhido em bandejas de prata por esse falso e fraudulento semi-deus.
Por que razão ou ventura haveríamos nós de sufragar uma vontade que nos esmaga os ossos? Mas por que razão (ou falta dela) haveríamos nós de conceder a um líder, material ou espiritual, o tamanho êxtase de propalar a sua utopia, se nem com a sua presença ele nos paga a solicitude? É falso este profeta – digo-vos eu – É falso este profeta como o são as acusações que me dão por meio tarado. Sou tarado por inteiro! E há na minha confissão uma vontade assumida que todo o ser humano seja tarado também. Mas não por obrigação. Não por um ‘ter de ser’ que esvazia o saco ou os bolsos, mas por um prazer que nos enche a alma de contentamento.
Estou em guerra, irmãos, mas breve chega o nosso dia!
E o nosso dia é 12 de Novembro. Reunir-nos-emos em Magna Assembleia no Restaurante Tongobriga, no Freixo, mesmo em frente às romanas ruínas onde, séculos antes, se reuniram em banhos públicos homens e mulheres com vontades mais elevadas do que simplesmente esfregar o sarro dos sovacos.
Encontremo-nos. Festejemo-nos…
Façamos jus a uma verdade em que toda a gente acredita e, talvez aí, possamos encontrar o antídoto para esse mal que se não identifica!
Juntem-se a nós os espiões, as divas sensuais e os aviadores sem soldo; a Resistência francesa e a francófona, a italiana, a polaca, a espanhola; os heróis libertários, os poetas de pistola e cartilha à cinta; soldados, os bastardos inglórios, as enfermeiras da Grande Guerra que tão bem cuidaram dos homens como se fossem os seus; os vilões – juntem-se a nós também os vilões – pois que um vilão único não deixa espaço aos restantes…
Juntemo-nos porque o frio voltou e o tempo é de União!
Juntemo-nos, pois quem por nós temos que por nós faça a Revolução?
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