28 de nov. de 2010

O último empregado

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Perdi-me em caixotes!

Em malas de sótão que andaram pelo mundo

E se adiam ao lixo porque guardam livros que ninguém lê…


Será que alguém os leu?


Guardo o livro de um cocainómano

Que entretanto virou polícia e casou com uma besta.

Ele não sabe.

Não me conhece, sequer.

Vive num jazz de casino que lhe inventei

Com empregados de camisa branca e laço preto,

Virando cadeiras sobre as mesas,

Fingindo que eu não estou lá,

Bebendo ao piano.


É um hotel…

E o tipo das horas mortas leva-me em braços ao quarto

Mais por ter coração

Que por obrigação.


Trata-me por senhor e

Ajuda-me a tirar os sapatos.

Enche-me, antes de ir, o copo de whisky com água da torneira

E põe-lhe uma pastilha efervescente…


É um bom homem,

Este Alcino sem horas

Que me deixa na cama

E se esvai pelo corredor alcatifado

A acender um cigarro…


E deve, porventura, amar uma prostituta que não o ama…




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15 de nov. de 2010

Deus Sex Macinha - rascunho II

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Já não se pode ir a um sítio público, um bar ou um restaurante, sem que um eremita maluco, descido da montanha ou do poleiro de um galinheiro, me venha foder a cabeça com essa coisa de deus vir à terra. A culpa é deste Jacob Stratham, cujo nome profético e talento para a escrita sensacionalista, fez disparar o fenómeno, convertendo-se à mística desses naturalistas peludos que deixam o suor do cu nas cadeiras de plástico antes de serem expulsos das esplanadas.

Sempre gostei de teorias da conspiração. Por várias razões. Nasci praticamente a ver televisão (é provável que me tenham mudado as fraldas no intervalo das telenovelas), leio muitas revistas e folheio jornais… sempre que me parece haver teia, vou logo à procura das aranhas! Depois, porque as teorias conspirativas se baseiam em cálculos matemáticos relativamente simples a que basta juntar alguma criatividade ou ovos e farinha para o mélange dar em bolo. Por outras palavras, pode explicar-se a guerra no Iraque a partir de um pinanço fortuito em Times Square, uma esporradela filmada em Central Park, à sombra de uma árvore de folha caduca ou no banco traseiro de um carro japonês.



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Deus Sex Machina - rascunho

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Gosto das ressacas ao domingo, principalmente quando chove e toda a gente sai de casa para se refugiar da chuva noutra casa qualquer. O dia é cinzento. Chego-me à porta com um copo de água para fumar um cigarro. Podia ser o primeiro do dia mas é o último da noite anterior, depois de dormir. O trânsito, do cimo da escada, à distância do olhar, é tão residual e irregular que nem valia a pena falar sobre ele, não fosse isso bom, como a poesia a tropeçar-me nos pés a fazer de gato carente. Bebo um copo de água à chuva e tudo é cinematográfico como a bonança depois de uma explosão.

Gozo de uma magnífica sensação que a tudo me desobriga, deambulando por mim e por todas as divisões, distraidamente. E é quando tudo o que é real me parece sanável, assim me dêem tempo à noite para o reescrever. Ter tempo! – O último luxo dos que se deserdaram da vida para existir com mais dinheiro. Tento, às vezes, perceber o que vai na cabeça daqueles senhores que têm mil milhões. Quando é que o dinheiro vai chegar? Haverá um número, um tecto? Se calhar o erro está em definir o tecto e não um soalho onde assentar os pés…

Mas de que vale estar para aqui a falar de ressacas e milionários, quando toda a gente murmura a visita de Deus!


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3 de nov. de 2010

Ultimate Sex Power Fest II

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Imbuída de uma estranha manifestação de bondade, a organização providenciará transporte gratuito (ida e volta) para 16 pessoas. Ainda equacionamos a hipótese de alugar uma viatura de 50 lugares para transporte de gado vivo, mas ao preço a que está o gasoil...

Antes que alguém tenha a indecência de se vir queixar porque não sei quê e porque não sei que mais, convém referir que este esforço (disfarçado de simbólica cortesia) é o resultado de uma extensa negociação com os líderes da oposição, que pretendiam uma distribuição mais ordenada do vinho e uma triagem de 'Lambidos pelo Diabo'. Por outras palavras, este foi o Orçamento possível!

Há 16 lugares (2 viagens de 8 pessoas num Táxi dos grandes). A primeira tarifa dispara à porta do Woodrock às 19h00 e a segunda às 20h00. Os horários de saída são mesmo para cumprir... Primeiro, porque esta é uma festa rebelde e eu, sendo o rebelde mais velho, pode dar-me para ser o mais torrão! Em segundo lugar... porque há pessoal à espera e, enquanto eles não chegarem, a festa adia-se. Por isso, orientem-se!

Os que puderem arranjar boleia, façam-no!

Os interessados poupem-se nos comentários e marquem, aqui ou no Facebook, o seu lugar. Nome e hora. Do tipo:

Sr. Mal. Vou no trem das 7



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