Perdi-me em caixotes!
Em malas de sótão que andaram pelo mundo
E se adiam ao lixo porque guardam livros que ninguém lê…
Será que alguém os leu?
Guardo o livro de um cocainómano
Que entretanto virou polícia e casou com uma besta.
Ele não sabe.
Não me conhece, sequer.
Vive num jazz de casino que lhe inventei
Com empregados de camisa branca e laço preto,
Virando cadeiras sobre as mesas,
Fingindo que eu não estou lá,
Bebendo ao piano.
É um hotel…
E o tipo das horas mortas leva-me em braços ao quarto
Mais por ter coração
Que por obrigação.
Trata-me por senhor e
Ajuda-me a tirar os sapatos.
Enche-me, antes de ir, o copo de whisky com água da torneira
E põe-lhe uma pastilha efervescente…
É um bom homem,
Este Alcino sem horas
Que me deixa na cama
E se esvai pelo corredor alcatifado
A acender um cigarro…
E deve, porventura, amar uma prostituta que não o ama…
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