26 de mar. de 2015

Oras Mortas



Somos como doidos
e dançaríamos interminavelmente até nos doerem as solas dos sapatos
E os sapatos se confundirem
E a gente se pisar

Não são horas para se pensar nisso –
a luz do vermelho já acendeu
E é audível
a pulsação do relógio

Odeio relógios

Abomino todas as horas da minha existência
Exceptuando salvas e horosas excepções
Em que me salvei de morrer afogado
No real de pedra ao sol
e ao sal

Hordas de sonho
Onde sou livre
E me sou livro

Hordas de galáxias e planetas
Carambolado sóis entre si
Luas como bolas-extra…

E sou nada
Absolutamente nada.
Resto para o infinito aquilo que a terra é
Para quem faz cimento

Não encontrei meu lugar no mundo –
Já estava ocupado quando nasci –
E de pouco me valem as quintas que tem meu pai…

Valho-me em ser miserável por condição
Gasto como herança em mão alheia
Tornado isto…

Onde amanhã o tornarei a ser

Mais ou menos a esta hora.

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