uma flauta celta anuncia a tua onírica chegada.
pelos campos e escarpadas onde florescem e morrem homens,
propaga-se uma melodia harmónica que suplanta o canto das pássaros.
os dias que saboreámos juntos, como se rebuçados fossem,
são o paladar que ainda hoje me envolve o músculo mais fraco.
és a linha do horizonte que bebe o sol e alavanca a lua.
a noite recheada
de estrelas vai sangrando luz.
escrevo. penso enquanto escrevo. paro. o
tempo passa. o brilho do teu significado trago-o na lembrança, a quente,
como o sol que aquece os corpos em agosto e os incendeia.
a mudança de estação é cruel para a nossa noção do tempo.
pára! estes motivos, pode ser que alguém os leia.
o teu corpo existe. longe. podes estar a dormir, podes estar a rir,
podes estar a fazer mil e uma coisas, e algumas não as imagino...
resides nos meus pensamentos, nas possibilidades, nesta noite.
sou a Lua ,com a luz esbatida no rosto.
sei que numa era por anunciar terás o sol todo bebido
e trarás um dia novo pronto me abraçar.
porque tu és a palavra. és a vida. és eterna. és agosto.