O vazio
de emoções faz-me olhar de uma ponta à outra do espaço - de uma porta à outra,
de um interruptor ao outro, de um suspiro ao tédio… e tudo pelo meio é um
excesso desnecessário onde me encontro a perfilar magias.
Os cães
ladram a nada como a pôr o sentido deles às coisas; um helicóptero dos
incêndios atravessa a coroa de eu estar pensando em sons para apagar um fogo
algures; O mundo arde com ginásios de gente a suar para emagrecer, mas nada é
tão castrador ao espírito como a lengalenga das procissões. Cantos de Maio em
Agosto desmaio…
Toca
o sino amiúde e sobem ao céu foguetes a arder mais na tarde, já de si cansada e
febril. Os miúdos passam a ferro o vinco nas mangas dos pais por uma pistola de
fulminantes, rasgando-lhes a determinação ante o depor aos pés da virgem santa
um ramo de flores. Coitada! - bem lhe compreendo a expressão! - fustigada em Agosto
por choramingas e sobre isso um calor de velas…
Os
miúdos quedam-se de braços caídos a olhar para cima os pais e ficam tristes
também porque eles choram em silêncio. E só depois o algodão doce, o bailarico
proporcionado pelo teclista em cima da camioneta; os adultos dançando com
solenidade uma inenarrável brejeirice à porta da igreja; o padre novo
esgaravatando as golas da batina com um esgar enérgico de calor entre os sorrisos;
o padre antigo, postado ao sol com a sobranceria de uma coluna dórica, esquecido
para a agressividade dos elementos, fulminando com o olhar… ora desaprovando o
refustedo nas palavras do teclista, ora a pôr freio no rebanho tresmalhado. Ambos
tão desvirtuando os ensinamentos de Cristo como ofendendo a Deus, nosso senhor…
E as
crianças também, - diabólicas! – correndo à frente da igreja, fintando o bulício e a apanhar coisas do chão como andorinhas a catar primaveras, inocentes de benzedura...
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