Apraz-me (e de que maneira!) o
seu relato histórico, Ilitch Wé. Já
em petiz me encantavam histórias de carochinhas, de bambis, soldadinhos de chumbo e príncipes que se deixavam bater em
corrida por plebeias mal calçadas…
Talvez por isso (e de igual modo)
tenha suportado tantos anos de catequese. A história de Noé, porém, apegou-se-me
à memória como um dos argumentos mais mal concebidos pela indústria bíblica. Explicarei…
A julgar pela vasta trupe de
animais que povoam o nosso mundo de hoje (grande parte deles carnívoros), parece-me
imprudente o esquecimento (na sagrada escritura) da fórmula achada por Noé para
alimentar a bicharada. Não consta que levasse ração de combate…
Creio, de igual modo, que Noé
fosse um preguiçoso do camandro. É
muito provável que tenha deixado a maior parte da bicheza a nadar, não sem
antes ir à Austrália carregar a arca de cangurus e diabólicas serpentes. Também
é provável que alguns animais se tenham entretanto extinguido ‘inside the ark’ por serem gastronomicamente
propensos à gula. Seriam disso exemplo o ‘Panda-de-perna-fofa’,
o ‘Tigre-de-rabaça-argentina’ ou mesmo
o ‘Javali de 14 patas’…
Mas preguiçoso, porquê?
Porque Noé, depois de ter embarcado
a palha e os cavalos, muito bem podia ter riscado umas cartografias para
ofertar às gerações vindouras. Com a informação privilegiada que dispunha bem podia
ter desenhado uns mapazitos antes de se ir empoleirar num monte…
Outra questão me assalta! – os peixes,
em particular as baleias (sim, as baleias são mamíferos – eu sei)… a bicharada dos
oceanos, caramba! Também embarcaram na sacrossanta Arca ou vieram ‘de zorro’
atrás? Puxadas por uma corda. Será que Noé lhes assobiava uma cantiga em flauta
de pã, qual flautista de Hamelin? A
malta precisava de saber…
Os dinossauros não existiram –
isso é sabido! É científico! – Tratavam-se apenas de uma estirpe de carneiros cujas
ossadas cresciam (crescem) debaixo de terra, tal como as trufas, mas impercetíveis
ao farejo dos suínos… - os Dinobodes!
E depois, os crocodilos! A sério,
para quê? Se calhar Noé era Dandy (ou
metrossexual) e gostava de cintos e sapatos… mas isso já sou eu a especular e
não quero aqui parecer herege…
E pronto, era isto. Ainda tenho
muitas dúvidas... uma certeza, apenas:
- Tivesse antes deus delegado as
suas histórias à Disney, ao invés de a
uns incautos analfabetos, e até a bíblia ganhava óscares!
Um comentário:
Mais valia ter pedido mesmo à Disney para para tratar do guião! Ou então a Marvel!:D
Dessa forma, estaríamos perante um conto muito mais pequeno, mas provavelmente teria uma moral que eu transportaria comigo para toda a vida.
Na Bíblia não dá para retirar uma moral coerente, pois o Antigo Testamento fala de um deus violento, que resolve tudo com chuvadas e pragas, enquanto que o Novo relata um deus perdoário, que ensina a dar a outra face.
Moral da estória: o tempo amoleceu deus. Quando, na verdade, para ser um bom filme, deveria ser ao contrário. O Rambo primeiro leva balázios de toda a gente e só de meio para fim é que se revela um herói.
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