21 de out. de 2012



Tu magoas-me na realidade virtual
Onde a dor do corpo começa nos olhos,
Onde a música e o espasmo acendem pequenas fogueiras,
Onde um fantasma dança no ar do cubículo real.

Há esperança numa cara que adormece absorta
Num vídeo que vi na Internet
E há de tudo numa expressão que chora
Quando nela queremos ver as nossas próprias lágrimas.

Há um jogo
Que se brinca na garganta
E que é por onde a comida passa e o vinho faz o seu caminho natural
Que torna o pescoço no centro de tudo…
Do coração que esgana,
Do cérebro que desata nós com fórmulas matemáticas,
Dos passeios de faca em carrossel…
Há de tudo num sonho
Quando a predisposição para sonhar é inconsciente
E a máquina sobe ou desce
Conforme as escadas que tem de cumprir.

Viver
Dar um passo, vários passos
Deixar sem olhar para trás um casaco…

Começar a correr e a sorrir
Na estrada…

Sem estrada!

Desapertar a camisa
Ganhar impulso
Sorrir mais
Cortar o ar com laivos de faca
Gargalhar…

Morrer gasto na valeta
Como um cão atropelado sem o devido enterro


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