13 de set. de 2012

PORTUGAL - I


Portugal tem tudo para ser o coração do mundo! Senão vejamos:

Temos um clima ameno e pouco dado a catástrofes naturais. Temos mar quanto baste, ilhas e uma costa repleta de magníficas praias (excelentes para tudo e sem tubarões); também temos montanhas e neve… a poucos km de abertas planícies onde a vista se perde. Temos uma exposição solar invejável e vento quanto baste. Não somos tão chuvosos como os nórdicos nem tão quentes como os países mais a sul. Temos as melhores condições climatéricas da Europa para nos autossustentarmos por via das energias renováveis. Temos água no subsolo e uma série de rios pauta o país de Norte a Sul.

Temos solos férteis e uma Zona Económica Exclusiva vastíssima em área e qualidade de pescado. O melhor peixe do mundo usa bigode e faz manguito!

Somos Atlântico e Mediterrâneo. Não somos a cauda da Europa mas a porta da frente. Não é ‘à toa’ que Portugal foi, em tempos, o mais importante centro portuário do mundo. Temos História, Arte, Cultura, Pensamento, Criatividade, Teatro, Música. Temos uma língua que se fala no mundo inteiro.

Temos uma gastronomia excelente e diversificada. Come-se muito bem em Portugal. Produzem-se também aqui alguns dos melhores vinhos do mundo, justamente diferenciados e estratificados em regiões demarcadas. O vinho verde, por exemplo, não existe em mais nenhuma parte do globo – só aqui! O vinho do Porto…

Temos um turismo largo e plural que vai do mais franco e popularucho baile popular até aos confins do universo estrelar Michelin. Paisagens maravilhosas, monumentos, ruínas milenares e obras arquitetónicas incomparavelmente revolucionárias. Pritzker’s, Nobel’s, medalhas e Palmas d’Ouro… temos cá disso tudo e basta apenas alguma cultura-geral para deixar de boca-aberta quem nos visita. Temos futebol também…

Somos um povo caloroso e acolhedor – não obrigamos nenhum estrangeiro a falar português só porque assentou aqui os pés e, ainda que noutros países nos obriguem a isso, somos nós, com os nossos parcos conhecimentos linguísticos, que mais servimos o nobre propósito da comunicação. Pode faltar-nos o conhecimento de outras línguas, mas desenrascamos o gesto, a mímica, e com alguma boa-vontade até levamos os turistas ao seu destino – e isso só nos engrandece enquanto povo!

Não somos tão trabalhadores como os chineses nem tão competitivos como os norte-americanos mas também não somos tão desafogados e preguiçosos como outros países que, por bom-tom, me escusarei de nomear aqui. Mas isso não é necessariamente mau nem faz de nós medianos, mas equilibrados (ainda que devêssemos ser mais cumpridores nos horários e deixar a conversa do futebol para a hora de almoço).

Somos conhecidos pelo desenrascanço; somos melhores fora-de-portas e o nosso complexo de inferioridade (que poderia ser um entrave) só nos faz estar mais atentos ao que vem de fora ou que de lá importa trazer.

Estamos perto das mais importantes capitais europeias e, a julgar pelas opiniões que de lá vêm ou de cá saem, até que somos bem bonitos(as) e cumpridores(as)…

Que falta, então, a Portugal?

Não nos escusemos a pensar/dizer que é petróleo ou diamantes ou uma tia-avó-rica com Portugal no testamento. Tampouco é um timoneiro ou um Salazarento.

Falta-nos um rumo – isso é certo. Mas o rumo é só o caminho. Temos potencial mas primeiramente é preciso saber qual é o sonho! Para onde ir! Serve de muito pouco a quem está perdido empregar força nas pernas e correr para lugar nenhum...

Continua…


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