À noite o relógio dá mais badaladas
No silêncio
Como os pássaros que gritam
À catástrofe
O céu rebola
No poço da morte
Onde gaivotas mortas
M’aninham quedas e glórias
É de tanto correr para trás
Que de vez em quando esbarro de costas
Contra a porta de Deus
Peço desculpa
Como um bêbado que a dançar
Pisa acidentalmente os pés de alguém importante
Que era suposto não estar ali
Mas danço e danço mal
Tomando de uma outra alegria
A certeza de não ser ainda um perecido
Vem depois a manhã
Com a sua língua de venenos e proposições
De obrigações
Roubando-me o sono e o sonho
Se me acordassem ao menos
Para tratar apenas de ervas aromáticas...
Um comentário:
"esbarro de costas contra a porta de Deus"; gosto muito!
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