3 de mai. de 2012

Homem-cão


No teu último toque de seda
Era eu um cão à chuva
A dormir em sobressalto…

Ladrei ao chão,
Na loucura a um avião…
Quanto mais o universo de ti
Em mim crescia
Mais dono do mundo eu me sentia…

Mas eu vivia fora do teu mundo
(não sou desses cães pequenos de se trazer ao colo)
E tu passavas toda coquete
Fazendo-me, entre as grades,
Uma festa de perfume
Que me abanava as orelhas
E esse era o momento mais feliz do meu dia…

Vendo-te depois a entrar num carro
E a dizer-me adeus, com beijinhos de mão estendida…

A Deus!
Esse ‘mais que tudo’ que te rouba de mim
E me concede apenas o teu carinho
Quando uma costela dele te maltratou!

É demais para mim!
Sei que a minha morte te vai parecer um acidente
Quando eu fugir e me atravessar à frente de um carro...

Mas eu sou só um cão
E não deves chorar-me por mais que dois anos
Que são apenas os catorze que me faltavam
Para o 'A Deus' me levar para céu nenhum,
Para lugar nenhum...


Nenhum comentário: