Onde poderia apenas ter falhado
Fui horrível!
Onde o universo abria para nós uma autoestrada e os braços
Eu vi um atalho,
Um resto de razão onde estacionar a vontade de percorrer-te
Para te não acidentar…
Puxei de uma última baforada de fumo
Como se nela concentrasse o mundo todo e as suas feridas
Todas as doenças, todos os cancros, toda a dor…
E,
Guardando-a para mim,
Como um louco que abriu a caixa de Pandora
Fugindo apenas com a Dor numa mochila para fazer canções,
Acelerei sobre o morro na valeta onde a responsabilidade fazia uma curva…
Esbaforido em câmara lenta,
Em luz, em sonho, em liberdade,
Com um piano nos ouvidos
Periclitando em pezinhos de lã nos agudos...
Caí ridiculamente como um brinquedo menor
Com as rodas para o ar…
Ameaçou o céu, nos dias seguintes,
Um clamor que previa trovoada…
E o sol no cemitério parecia cansado, extenuado…
Choveu depois, talvez
E aquela música alegre do Benny Hill
Fez de novo o mundo rodar…