Desceu a calçada vestida de preto...
Sobre a cabeça,um lenço de fina renda,
dá ao rosto um ar sereno e impenetrável.
Seus passos prendem um corpo lânguido
a pesadas mortalhas.
Para onde vais Maria das Dores?
-Vou soltar o grito que trago no peito,
Afogar as mágoas no leito do rio
onde desaguam as lágrimas dos que sofrem.
Vou ao encontro da bela donzela
que me espera à janela,
lá no beiral,
na outra margem do rio.
Anseio o toque das suas mãos,
o despertar de uma caricia morta,
o beijar de aguarela amorfa,
que um dia ninguém pintou.
Desceu a calçada ladeada de casas,
descalça entrou no cemitério...
Lágrimas, caixão ao centro, luto, o preto...
O pesar , cova, flores, terra, lápide,
flores, palavras, poucas...
Nasceu e morreu...
Reticências... reticencioso ritual,
preto no preto , caixão à cova selado.
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