19 de abr. de 2009

Os cães do Sr. Poder

Deve ser ódio aquilo que sinto neste momento. Permiti-me a uma semana de trabalho com certo romantismo: - chegar ao fim-de-semana e gozar uma boa borga de bar entre amigos. Era só isto. Entrar no Woodrock e “curtir como um porco”. Era só isto que eu queria! Estar com os meus amigos, beber uns copos e conversar.

Receita gorada! Apareceu a polícia e as minhas esperanças boémias desvaneceram-se como um resto de espuma a vagar pelo ralo depois de um banho de felicidade quente.

Num sábado à noite? Tornar-me-ia missionário de uma crença qualquer se a mesma canzoada verde irrompesse Parlamento adentro a algemar corruptos. Deixemo-nos de sonhos!

Desliga-se a música (a Cultura) que faz pensar. Impõe-se a apresentação de licenças! Isto é um bar ou uma discoteca? A discoteca pode, o bar não, “ainda que tenha razão”, como dizia o Pessoa, detido na problemática dos mandadores do mundo.


Breve nota sobre Democracia:

Do grego Demo (povo) e Cracia (Lei). Ou seja, a lei do povo, entendida como o cumprimento da vontade maioritária. Roosevelt definiu Democracia como “o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Entenda-se o povo como a maioria das pessoas que constituem uma sociedade, independentemente do estrato social, cultura… etc. etc….
Não vivemos em Democracia, como nos querem impingir. Se a maioria do povo disser que os professores não devem ser avaliados (apesar do rico exemplo dos países nórdicos e dos mais ricos), cague-se na avaliação. A vontade maioritária assim o exige e ordena. A validade dessas políticas são contas de outro rosário…
Democracia é vontade maioritária e mais nada.



Prefiro ser atropelado por um bêbado a ver-me subjugado e condenado por um crime que ainda não cometi. Vivemos numa sociedade que pune o crime antes de este ser cometido mas liberta o crime consumado. Estranha antítese. Vem da Grécia Antiga (A.C.), a expressão “a censura persegue as pombas e poupa os corvos”. Vejam lá há quantas milhas de séculos esta merda se prolonga…

Sou uma pessoa de Bem… não sei por quanto tempo! Apetece-me ser corrupto. Usar a minha inteligência para o contorno das correntes que nos amordaça aos muros. Eu tenho ideias. Tenho, sim senhor! E quem se vê fornicado como eu por uma vontade, tida por maioritária para virtude de todos, tem ideias também.

A polícia fechou a minha segunda casa, o lar onde recebo os meus amigos sem a jurisdição dos meus pais; a polícia que é o cão de guarda do poder instituído e instrumento de fazer pagar a crise que a corrupção montou.
Vi ontem, numa revista de elites o seguinte título: - “traficante na lista da Forbes como um dos mais ricos do mundo”, numa foto com o dito, armado e sorridente.
A lei não o condena.
A lei cheira mal da boca
Morra a lei
Pim.

.

5 comentários:

Amora disse...

Ao abrir as portas virtuais deste teu recanto esperava encontrar um novo poema e no seu lugar deparo com esta infeliz notícia. É realmente de causar vómitos e repulsa os comportamentos destes ditos agentes da autoridade quando os seus gestos incidem em espaços sagrados como é o caso do Wood, que convém realçar não é um espaço de tráfico de armas,drogas ou mesmo pessoas,nem de propagação de doenças mas a casa onde amigos mais ou menos conhecidos se encontram, onde fluem ideias, onde a música é a palavra, onde os copos molham a garganta e a mente dos mais sequiosos de alimento espiritual, onde o riso é uma constante, onde os corpos se conhecem e desinibem numa dança... Onde está a desordem afinal?!
Pim ;)

Amora disse...

Ah... e já agora este relato não merece uma lambidela mas uma cuspidela frontal nos autores ou mandatários do cada vez mais Palhaço Poder.

Anatoly Zerka disse...

Estes cães meio esverdeados, filhos das putas, malditos biltres ao serviço do poder descontrolado da nossa DEMO(de demónio)CRACIA, para além de nos obrigarem abandonar o wood, ainda e como se isto não bastasse, me invadiram os sonhos... Ah almas do diabo, acordei assustado...

Amora disse...

Pois tais biltres não invadiriam os seus sonhos se o seu sono fosse velado por um anjo apaziguador. Queira perdoar a minha ousadia, Sr Zerca pois não me cabe a mim fazer tais observações de alcofa...

Anônimo disse...

Por isso se deve ter em conta que a contra-cultura revolucionária existe por alguma razão...