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Farto de tanto se conspurcar a sua obra,
De religião e vendilhões
Deus avisou os homens:
“Amanhã mesmo sereis expulsos da minha morada. Deixai-a limpa
E preparai-vos!”
Mas os homens atrasaram-se
Nas demolições,
Não tanto no que sentiu Deus quando destruíam a sua obra,
Mas no prejuízo da empreitada.
E puseram-se a rezar uma novena de promessas
E fizeram-se ofertórios
E sacrifícios de animais,
E deu-se a Deus o que era dele, cozinhado
E meia dúzia de bons uísques que nunca se deram à boca de ninguém
E um cubano.
Deus viu com tristeza
Que as pessoas se agarravam às sacolas de metal
Quando a maré começou a subir.
Sobrou para a eternidade da sua memória
Aqueles que faziam um piquenique
No cume dos montes.
Dando as mãos
Aos beijos
E os últimos sopros ao amor.
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21 de abr. de 2009
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Um comentário:
Seja antes esse o destino da humanidade perante o abismo da destruição- um apocalipse de beijos-chama ou beijos-melodia, aos quais se juntam as mãos e os braços para delinear abraços sentidos e numa orgia languescente enaltecer o amor, todo o tipo de amor...
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