Esvazio para um copo, desaperto o cinto, deponho os bolsos e ajeito o isqueiro sobre os cigarros. Escrevo um gole e acendo-o. O relógio soa, numa pancada, uma meia-hora de uma hora qualquer. Preparo-me para me pensar. Sorvo mais um trago como se estivesse convosco num bar de rock.
Dizem-me: - “precisas de uma namorada!”. – Eu contraponho mas não discordo. Corro o risco de ser ridículo como “todas as cartas de amor”. Podia sorrir, desvalorizar e mudar de assunto com humor. Mas não. Isso exorciza-me.
Caminho pela verdade, saltando de pedra em pedra.
A sedução é, não raras vezes, um caminho de mentira
Com argumentos,
Mas a mentira tropeça no orgasmo.
E a realidade, que é póstuma,
Não tem mais fita para contrapor a equação matemática do amor.
Porque me desejam casamento
Se a minha verdade não é fílmica?
Desejem-me sexo,
Sujo, suado e descomprometido,
Como uma sepultura cavada por criminosos
Com um desejo de liberdade comum.
E se o Amor vier por aí,
Saberei que ele nasceu sobre a tumba dos meus demónios,
Reciclados no vão de um nada sem relógio
Que deixou de existir…
...
Um comentário:
Se o Amor vier por aí... não mais deambularás sem relógio por paragens de nenhures porque o todo será e estará aí, como sempre esteve. Aguarda apenas pelo grito dos gritos, que revolverá as entranhas, afastando a insípida revolta do teu fragil e sensivel ser.
Postar um comentário