Não há nada de científico nas minhas paranóias. Mas detenho-me nelas com uma determinação de fazer corar qualquer investigador. E gozo-me nelas, rebanho-me. Entro por elas adentro com a determinação anarca dum sono profundo. E romantizo.
Ás vezes penso se os pontos cardeais para onde estou virado influenciam a minha escrita, a inspiração ou, como me gosto de lhe chamar, a ausência de bloqueio. Tenho a impressão que ergo mais taças virado para nascente. É um facto que as despejo com mais vigor tombado para Oeste. Não sei se fornico melhor para Norte ou para Sul mas, agora que penso nisso, seguramente fará mais sentido virar-me para onde o sol se levanta, aproveitando o movimento de rotação da terra para cofiar o pêlo com o seu pente de luz.
No meu novelo ensarilhado estas coisas fazem sentido. Até porque as leis da natureza nos confrontam com a sua gravidade. Gaudi percebeu isto a tempo e inverteu o esquema com a nobreza nua de quem não precisa de um espelho para se questionar. Já a carroça que o atropelou devia vir a pensar na morte da bezerra quando lhe saiu ao caminho aquele cordeiro de deus…
Isto é capaz de ter seguimento…
22 de mai. de 2008
10 de mai. de 2008
Fogo natural
Todas as pessoas têm um fogo natural,
Uma fogueira de inconstância que aquece os pés ao desejo.
O meu fogo, enquanto labareda, apagou-se.
Aquilo que os meus amigos pensam ser o calor do meu afecto
É, tão só, um remoinho revolto de cinza
Num braseiro condenado.
Uma fogueira de inconstância que aquece os pés ao desejo.
O meu fogo, enquanto labareda, apagou-se.
Aquilo que os meus amigos pensam ser o calor do meu afecto
É, tão só, um remoinho revolto de cinza
Num braseiro condenado.
Manifesto
Estou farto que me digam que eu não vou mudar o mundo! Porque eu não o pretendo mudar. Quero só canalizar um pouco mais de vinho e menos filhos-da-puta para os meus lados. Quando ouço falar da crise dos mercados, da economia e dos cereais, arrepiam-se-me os pêlos do cu. Estes gajos mudaram o mundo a seu bel-prazer, fizeram merda atrás de merda, encheram os bolsos com indemnizações chorudas e ala moleiro que me vou para onde o sol brilha. Dizem adeus ao mundo badalhoco, que nunca se iria emporcalhar com as suas fábricas virtuosas de emprego, e agora bebam a água do esgoto ou comprem-na aos bidões. E adieu para a ilha dos amores estufar sereias…
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