tenho
nos olhos implantadas raízes antigas
que me
prendem aos lugares desertos
e que
sorvem as correntes de água subterrâneas
dos
teus caminhos indecifráveis e secretos.
tenho
no peito enraizadas árvores carbonizadas
pelo
fogo extinto das ideias sem dono
que
perpetuam esta promessa dum país de cravos
desabrochados
e vivos, mas com cores de outono.
tenho
numa das mãos um livro de banda desenhada
e na outra
um papel dobrado que nunca se fez barco
por
não haver oceanos novos para o sucesso dos dias.
tenho
nos meus pés acostumados um parco cansaço
comum
a todos aqueles que desdenharam a estrada
só
porque ela de antemão não promete o regresso.
tinha
este soneto como posfácio se não fosse este verso.