9 de fev. de 2013

OS NOVOS CANAIS COMUNICATIVOS NÃO SÃO TÃO FUNCIONAIS QUANTO OS DE ANTIGAMENTE



Não sei se o direi por mera especulação, mas, tal como o título indica, os novos canais comunicativos não são tão funcionais quanto os de antigamente. 
Hoje, dificilmente se consegue combinar algo com exactidão horária. Estamos sempre a pensar que comunicaremos mais perto do momento, mais ou menos apalavrado, por telefone, sms, facebook, linked in, messenger, email, skype ou fax, e acabamos sempre por fazer esperar o próximo. Pior que isso, eles fazerem-nos esperar ao ponto de levarmos umas boas secas. Vasculhamos as chamadas perdidas, sms's e todas as redes sociais que toda a Ram disponível num smartphone moderno pode comportar, para nos certificarmos de que não estamos a perder a derradeira e tão ansiada mensagem: A q horas? seguida da não menos usual: ah, e onde?
No paradigma comunicativo deste novo século, as novas tecnologias têm avançado no sentido de aproximar os individuos,e ao mesmo tempo,de afastá-las. Senão vejamos; O Zé António do talho saía todos os domingos com a Arminda para um passeio pelos jardins da Arca d´Água. Palavra puxa palavra, até que surge a troca de carícias ferquente entre um casal apaixonado. Ora, desde que surgiram as Sms's, o email e mais recentemente as redes sociais, Arminda obteve o hábito de ficar por casa nesse dia de descanso semana e não ir namorar com o ZéTó (coitado). Na opinião dela, e apoiando-se no velho ideal do "está na moda" tudo o que ele quiser dizer-lhe poderá fazê-lo através de uma das variadissimas opções que os suportes electonicos têm para lhes oferecer. O seu amado concorda plenamente, porém, sustenta que o contacto físico também é importante. E perguntam vocês -Porquê-êê??? Sinceramente,não vos sei responder. Mas posso imaginar o que o leva a tão notável constatação. 
Hoje em dia estar com alguém é prática do passado. As novas gerações estão habilitadas a fazer quase tudo com recurso aos telemóveis, computadores e outros gadgets. Desde falarem com os amigos e familiares ao namoro propriamente dito. Até já lhe é dada a oportunidade de fazerem sexo na rede. Como??? …contanto com o apoio de um dispositivo concebido para o efeito. -Meu Deus, para onde caminhamos ?
Atendendo ao facto do contacto físico de que Zé António fala ter passado para segundo plano, vemo-nos confrontados com o facto dos parentes e amigos mais próximos se apoiarem na tese de Arminda para evitarem sair de casa para um passeio de bike ou para um simples café. Algumas desculpas são já um clássico; -Ah, a minha net tá lenta e tenho que sacar umas coisas da plataforma. -Ah, tou a sacar o concerto do Toy ao vivo em Vila Franca de Xira e tenho que esperar que acabe. -Ah, tenho que instalar o windows de novo porque apareceu-me aquele virus da policia que tira a fotografia às pessoas. -Ah, tenho que fazer uns pagamentos pela net senão cortam-me a água. Enfim, qualquer desculpa serve para ficar em casa colado ao facebook a ver se a vizinha aparece nalguma foto em fato de banho. Isto aparentemente pode parecer que não tem efeitos colaterais, mas tem e não são poucos. A falta de uma caricia, de um abraço ou de um bom ombro amigo na hora certa, pode ser o inicio do fim de uma relação. Num momento de carência e na falta de um mimo, os homens podem sempre perder-se naquela ida ao quiósque e fazer um pequeno desvio por uma casa na avenida Fernão de Magalhães onde coabitam 17 brasileiras a viver do rendimento mínimo, e ter o azar de ser visto por Euclides, o mecânico que andou a arrastar a asa à miúda e de quem ficou amigo. Na melhor das hipóteses: -tá a arranjar namorada nova que isto deu saco!
O caso delas é bem diferente. Cibernauta moderna que se preze apoia-se em ombros virtuais para os seus desabafos, abrindo caminho para futuros romances que acabam por ter um fim, quando na eventualidade de se encontrarem pessoalmente, ela descobrir que levar com o bafo dele dentro do carro ou passar Cacia de comboio, a diferença está no meio de transporte.
Posto isto, só acho que devíamos valorizar os encontros na vertical e evitarmos os encontros virtuais na horizontal (refiro-me aos momentos em que estamos deitados no sofá ou na cama com o portátil a queimar-nos as pernas (que mais poderia ser?)). 
Elaborei este pequeno texto de cabeça quente e ainda no rescaldo da noite passada, para me libertar da angustia que me tem perseguido no que toca a este tema. Foi um desabafo, vá!

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