4 de fev. de 2013

Aniceto Azeitona - O terror dos olivais (PARTE 1)

Do meio da multidão soltaram-se gargalhadas.
Momentos antes, um menino loiro de olhos verdes, havia furado por entre os cus da audiência feminina, saltado para cima do palco, agarrado o microfone e gritado num tom carregado de inocência: - O Tony Carreira é paneleiro! …foi o meu avô que disse.
Ao longe, um homem de meia idade, com cabelo grisalho, óculos Ray-ban (modelo táxista) e uma t-shirt contrafeita da Dolce & Gabbana, berrou, em bicos de pés, a viva voz: 
-Anda cá Aniceto! ….Rááá foda o catraio! Quando chegares a casa vais levar nos cornos, meu filho duma puta bêbeda!
O rapaz ainda mal refeito do susto de se ter ouvido nos alto-falantes do camião-palco, fugiu, barricando-se no camarim do ilustre cantautor.
O espaço estava devoluto. Cheirava a perfume que tollhia. Tony havia abandonado o seu aposento ambulante minutos antes. 
Lá fora, a multidão aplaudia a entrada do artista em palco. Um clamor esganiçado de mulher implorava: -Tony, quero um filho teu!!!
O miúdo reconheceu a voz. -É a Lina. Pensou.

Lina é puta para trinta e quatro anos.  Esfolou na zona da Anadia ao longo da última década. Levou para o mealheiro de todo o camionista que se preze (com cabine decorada a calendários Pirelli dos últimos 20 anos). Até que deu com Arlindo Teodoro, um motorista de autocarros de longo curso que viajava até Lourdes todas as semanas. Levava crentes lusitanos e trazia imigrantes magrebinos na clandestinidade. 
Certo dia, durante o acto sexual, Lina perguntou-lhe o nome, ao que ele respondeu com voz trémula : -Chaaaaaamo-me Arlindoooo...mas podes-me tratar só por Liiindo... que o Ar já mo tiraste. 
Lina, comovida, deixou cair uma lágrima, que lhe escorreu pelo rosto até cair no peito de Arlindo, que ostentava uma imponente tatuagem em tipo de letra gótico com os dizeres: Ai se eu te pego...

(Continua)

Um comentário:

Sr. Mal disse...

DELÍCIA! Hilariante!