25 de dez. de 2012


Eu queria agora que, num desses sacos do supermercado que deixaste à pressa sobre o balcão da cozinha, e agora revisitas por um pacote de bolachas, uma surpresa minha te fizesse sorrir.
Uma caixinha de madeira – sei lá! – com um bonequito saltitão que te assustasse à primeira e com um gritinho acordasse depois a vizinha de baixo – essa velha surda cujas forças mais não servem senão para te reprovar a conduta, com baques da vassoura dela no teu soalho – imune aos encantos do teu riso singular.

Passaste a noite de Natal sozinha e isso doeu-me no coração. Logo a mim, que já nem gosto do Natal e privilegio a solidão, talvez por me ser permitido optá-la…
Eu queria ter sido o teu palhaço e passar contigo a noite a fazer-te rir, aconchegar depois um cobertor à tua expressão feliz e ouvir-te uma última risadinha cansada por uma parvoíce que eu tivesse dito antes de dormires…

Entraria depois no carro e faria duzentos quilómetros até casa, na mais profunda melancolia de levar o coração cheio…

Acordarias só outra vez no dia seguinte, com uma caixinha de música e bailarina nas tuas botas de fecho. E saberia ter-me na tua expressão, não sei em que lado, um lugar no teu coração.

2 comentários:

Anônimo disse...

enternecedor e belo.:)Fez-me sorrir como se tivesse uma caixa com um palhaço saltitão lá dentro

Pralguns

je suis...noir disse...

Bonitos presentes (ausentes) de natal!