Tão dentro de mim
A cidade era deserta
E eu passeava como um semi-deus solitário
Ou anjo de trejeitos macios…
Em toda a parte, arquivos
E buracos de se pôr lá ideias concretas, como coisas
E amores formalizados, sonhos,
Fins de vida sossegados
Cadáveres…
Para tudo havia um sítio onde se pôr qualquer coisa
E tudo cheirava a morte
E tudo era nauseabundo como um cortejo funéreo de caixões
mal selados
Tudo era uma realeza em que,
Se ali houvesse espécimes,
Talvez cães se aninhassem à passagem de um indivíduo.
Tão dentro de mim mora uma cidade onde me sinto
claustrofóbico.
Tão mais dentro dessa existe uma outra
Onde por uma janela, a lua espreita singularmente
O cabelo de uma criança que dorme
Com a testa suada
E a acha feliz…
No sonho dessa criança,
Que sonha estar à janela a ver o mundo,
Há um bêbado que se deixa cair sobre os papelões do lixo
E aí se rebola entre caricas de Martini e borras de café
Até achar uma posição confortável para dormir…
Esse bêbado sou eu!
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