Passaste
por mim a correr no jardim público, no teu jogging
diário (talvez), onde por entre os edifícios uma réstia de sol espreita a
esplanada. Eu estava de perna cruzada, tomando sol com óculos-de-sol e café,
revendo apontamentos num moleskine de
imitação, riscando, desenhando melhor uma vírgula – um truque dos sós!
Foi
tão bonito ver-te passar. Não trazias contigo headphones, quando trazê-los diria
mais da confiança que se tem no que se ouve quando se incarna uma ficção. Mas
não – a tua corrida era honesta, inconsequente. Talvez, se não corresses, um
banho de chuveiro te desse motivos para chorar…
Por
talvez nenhuma razão, viver a vida seja como observar pequenos deuses a dobrar
lençóis: uma certa alegria de falência nas pontas soltas. Ver algo bonito,
sorrir, deixar uns trocos na mesa e ir para outro lugar com um abandono de
missão cumprida.
Passaste
por mim a correr no jardim público e sei agora o que sente um holograma.
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