20 de jul. de 2012

Nassidéria


Dei-me a volta
Como se dão em créditos as máquinas que flipam
E fiquei feliz sem memória.
Guardei um jeito de meter moedas onde nada vale a pena
E de ignorar quem me vale…

Quando me perguntaram o que atingi
Tive vergonha de o dizer
Pois era inútil
Como é inútil ter-se os mais belos sonhos do mundo
E falar com propriedade de capitais e países que não existem...
Como da Nassidéria,
Que em tudo difere dos outros países da África Subsaariana

(Um país fabuloso que não aparece nem aparecerá nos livros
Por enquanto este texto não for merceado
Em linguagem comum.

A Constituição da Nassidéria é uma página redigida em branco
Que nos impele a um origami mental de deveres potencialmente impraticáveis
Que, não raras vezes, desagua em magníficas declarações de amor…)

Pois,
Mas atingi pouco, muito pouco
Para onde se anda com papelitos de saltar pocinhas de fronteiras…

Fui praticamente (e apenas) a Espanha comprar caramelos
E comprimidos para a tristeza…

É giro, aquilo!
Achei no centro histórico de Pontevedra uma vontade em ser de lá
Estrangeiro
E trocar impressões do mundo
Quando no fim do trabalho lá fosse tomar cerveja a um café…

Não é propriamente a Nassidéria,
Com as suas encostas rochosas
E os seus elevadores de acrílico transparente e sem poço
Sobrevoando o mar
Mas…
Tendo em conta o meu habitat natural…
Talvez me fizesse bem relegar esse outro espaço de ninguém
Para destino de férias.

Aquilo é engraçado!
Aquilo às vezes faz tirar-me a mão da cara,
Dar com os olhos um estalido no canto da boca
E um tiro de nada pró ar com o dedo indicador…


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