9 de jul. de 2012

Não me abandones agora ó Poesia


Não me abandones agora ó Poesia
Que tivemos uma conversa tão interessante no carro
E seria uma pena desperdiçá-la
Só porque chegamos a casa!

Falemos baixo
Que os nossos pais dormem
Mas não tanto que te leve o silêncio
A pedir licença!

Estivemos hoje no interior de um coração,
No bastidor – quero dizer –
No bastidor!
Onde a força humana empurra para o palco um entulho mecânico
Que unido serve de holofote
Aos corações de girassol.

Deita-te,
Se estiveres com sono,
Em duas ou três cadeiras
E usa o meu colo de almofada
Para que no cofio dos meus devaneios
Toque o cheiro dos teus cabelos…

Faz-me chorar, Poesia,
Como se fosses no meu colo um filho doente
Sem remédio!

Pega-me pelos cornos
E exibe-me ao mundo como um nado morto!
Faz qualquer coisa de mim
Porque eu já
Não
Consigo…


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