26 de fev. de 2012

Na cidade do meu coração


São tuas todas as estradas
Todos os passeios…
Na cidade do meu coração todos os semáforos
Se divertem em deixar-te passar.

São tuas todas as lojas,
Salões de coiffeur
Todos os botequins de jóias, cintos de pele e sapatos…
Da Fifth Avenue à La Travesse de Montmartre
Todos os cheiros de todas as frutas de todos os mercados do mundo te prestam,
a seu jeito,
homenagem…

Na cidade do meu coração
Eu sou Leonard Cohen a fumar num banco de jardim à beira da estrada
Onde, do outro lado da rua,
tu passas sem guarda-chuva por entre as crianças que brincam à volta de uma boca-de-incêndio que explodiu em água.

Banhas-te na sua felicidade infantil
E até o sol se abana, como um cãozito, num dos teus sacos de compras…

Eu atiro para trás do banco os meus braços,
Lançando ao céu e à tarde uma baforada de fumo,
Quase me caindo ridiculamente o chapéu
Com tanta luz…

Na cidade do meu coração
Eu sou apenas o arrendatário pobre de umas águas-furtadas com vista para o céu
onde por uma frincha de telhas me é permitido enxergar uma nesga de rio…

Na cidade do meu coração
Corre o meu sangue como esse rio para dar corda à tua majestade!

Porque tu és mulher!
E não há beleza no mundo que se te compare!

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