13 de dez. de 2011

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Não explico os meus poemas ou o que escrevo!
Ainda que eles sejam óbvios, não faria sentido. Posso, se quiserem, explicar-vos o caminho que fiz: as íngremes ruas que desci com pés de marioneta ou subi arrastado por fios de linho e néon

É diferente o rio Douro quando nele se vê um abismo possível ou a luz que ele serpenteia à noite se vê do chão com um pé na cabeça. A beleza dele não enche de lágrimas quem nele se viu quase assassinado por animais semelhantes. Talvez as ruas de Paris, de Montmartre, gozem também desse romantismo sobre-humano de procurar na errância uma cura para a dor. Uma dor que inventa braços para se doer mais e mais longe e que, quase sem querer, abraça o mundo.

De que valeu a Van Gogh ter cortado a própria orelha? De que valeu ao maior génio da história universal ter feito a si um mal ainda maior? Morreu! Estupidamente (talvez) no seu mundinho fechado, pedindo a Deus perdão por ser quem era, fustigando-se (talvez) por nunca ter conseguido abrir as pernas a uma prostituta que ele amava e onde queria sepultar todos os beijos…
Talvez!

Confiai em mim quando vos digo que o maior génio da humanidade morreu incógnito! Que o mais pacífico dos homens morreu sem prémio Nobel, ou a saber o que isso era! Que o maior fodilhão da história sofria por isso e não se gabava…

Que o melhor escritor era analfabeto!
E não sabia como, numa leira de terra, ajoelhar as suas sementes…

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