15 de fev. de 2011

S/ título


Às malvas toda a cultura,
Nem as malvas sei o que são!
Fumo um cigarro apaixonado
Ao fundo do balcão.

Devia ter-te pedido pelo menos um número
Estou a dois passos de ti e não tenho coragem para voltar
Sob pena de me achares idiota!

És lutadora, uma mulher a sério!
Eu ando pelo mundo com uma lancheira de desgostos
Que se escrevem…

Sabes, eu amei cedo,
O amor humilhou-me.
E quem assim ama cedo acorda tarde e cobarde para se impor.

Pus sempre em mísula as mulheres que amei,
Num altar inacessível …
Que burrice!

Pôr-te primeiro em redoma
E abraçar-te depois.

Deveria dizer-te que estou gravemente doente,
Muito mal do coração.
Que ele me foge,
Que ele se evade,
Que às vezes nem o sinto
E quando lhe falo me trata com violência;
Que não posso dizê-lo senão a ti
Porque dele depende um bem-estar que o rodeia.

Que ele está fulo comigo por causa de ti!

Provei do teu desgosto
E ele era só mel na minha boca
Porque me falavas e sorrias.
Amei-te os filhos como se fossem nossos
E eu sorria de manhã para a escola com uma festa no cabelo e
Um beijo na cara.
Eles zarpavam numa corrida feliz e eu convertia aquele nó das gargantas
Numa força capaz de esmagar as pedras dos muros.

Dourava-me no sol destes pensamentos
Quando uma treva me tocou no ombro
E assobiou distante.
E me deixou descalço na tijoleira…

O meu perpétuo desgosto,
O músculo que me falta para segurar o alter da vida,
Um exército de macacos no sótão, fardados e alinhados,
Capazes de te morder os filhos nas mãos e nos braços.

Quem ama, protege!
E se estiver só de passagem,
Como tanta gente que ama em viagem,
Não deixe mais do que levou
Nem leve mais do que encontrou…

O crooner canta aos solavancos
O seu coração que ficou para trás em lascas
Como cascas de maçã…

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