20 de abr. de 2010

Velhice

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A velhice deve ser isto: - uma disposição que não vence urinas e músculos sem dinheiro para um carrego de vinho com pão, solidão sem vontade para bibliotecas.

Admoesta-se a pele com sabonetes de aromas, mas o corpo que é velho não tem poros para se demolir a um cheiro de sabão no tanque. Enxerga-se o mundo por uma nebulosidade cautelosa que ascendeu às sobrancelhas para multar os mancebos que aceleram.

Diz-se com mais frequência “se eu tivesse a tua idade…”, mas sem aflorar a leviandade de um fim com raciocínio como se, à memória que já era, acorressem romances que nunca o foram…

Não há lei para os que abrandam nas bermas com tempo para se pensarem. Resta o perdão e um entendimento das coisas sem lei que se anuncia com amor às crianças, numa cumplicidade que saltou gerações
E brinca à mesa…
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