12 de abr. de 2010

Desistente!

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Tenho sido confrontado, por pessoas próximas, a propósito de um emprego recente que abandonei, a uma semana de receber o primeiro cheque. Desistente! Os meus motivos são válidos mas, para o que é preciso dizer, pouco importa nomeá-los. Da mesma forma, não pretendo fazer aqui uma expiação pública para as minhas acções, do tipo “minha culpa, minha tão grande culpa!”…

Conheço pessoas tristes que pedalam há anos na mesma bosta, incapazes de arriscar uma revolução que as torne mais felizes; pessoas que adiam a vida julgando viverem disso; pessoas socialmente integradas e com bons ordenados a levar porrada em sessões de bondage para se equilibrarem emocionalmente; exemplos de sucesso com faro para riscos de coca em sanitários públicos; tapetes persas cheios de lixo por baixo…

Também a exemplaridade se esquiva de mim. Tenho defeitos, características muito autênticas que me impedem de poder atirar para a cama um bando de mulheres, bem capazes de me fazer mais feliz. Mas, por alguma razão, acho-as renunciando a esse propósito. Umas desistentes, portanto...

Ninguém sabe ao certo o que é a felicidade. Sabemos que ela existe porque se manifesta nas pessoas. Através do amor, da realização, do riso, do prazer… sabemos, tão simplesmente, que ela existe no reverso do que nos faz infelizes. Soube isto por Agostinho da Silva, que achou alguma felicidade formalizada, fazendo “exactamente o contrário daquilo que nos faz infelizes”. Ora, perseguir este caminho implica renunciar e desistir de muitas coisas.

Felizes os que encontram o que procuram sem muito esforço. Felizes aqueles que sabem o que querem. Desculpem se não me penitencio por não ter achado o que procuro mas… a verdade é que não encontrei ainda o meu pote de ouro nem o meu amor. E não vou fazer juras de fidelidade perante o criador só porque estou a ficar velho para constituir família.

Não posso dizer que pouco me interessa o que os outros pensam. Gosto que gostem de mim e, nisso, somos todos muito iguais. “O espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente e não porque pensa”, dizia Fernando Pessoa. Gosto muito do que dizia esse falhado…
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Um comentário:

V V disse...

Caro amigo,
Como bem sabes, passei recentemente por uma situação semelhante. "Era um bom emprego, estável, ganhavas bem...." - diziam. E a minha sanidade?! E o respeito por mim próprio?!
Tenho orgulho em ainda ter espinha vertebral e não ter de me vergar ao socialmente expectável, qual carneiro.
Por isso, caro amigo, um sonoro e sentido BRAVO!!!