Ir nu,
Sem dinheiro ou passagem, sem férias
Ou banho de véspera.
Esgrimir de raiz uma viagem
Sem reserva de hotel ou estalagem;
Vir de Paris com um bordel atrelado,
Arrestar com tremoços a alma ao diabo.
Fundar as mãos num veio de mar
E virem de Lisboa Tágides me pentear;
Um fraque de algas costurado por cachalotes
E o Adamastor a cobrar-me os calotes.
Subir de muletas à lua por uma escada de vindima
E cair de costas num abismo que me redima;
Acordar num pântano salvo por crocodilos
E uma merenda de avelãs trazida por esquilos.
Tocar a rebate os sinos de um campanário
E provocar um motim de galinhas no aviário;
Ovular desejo nas mulheres que passam por mim,
Oferecer o Benfica a um travesti de Turim.
Fazer check in com um machado nas costas
E um braçado de bacalhau às postas;
Partir as janelas do avião para entrar ar,
Aterrá-lo em segurança para depois o incendiar.
A Poesia a tudo me permite
E a morte, para mim, assoa a sinusite!
Pensar o infinito pode soar imoral
Mas, tal como a lei, é legal!...
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2 de jul. de 2009
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5 comentários:
Muito bem soam as tuas palavras na planície do meu pensamento. Também eu viajei, qual Gulliver, chegando até a avistar Lilliput, ou uma Brobdingnag, mais atrevidas no horizonte, com mencionas essa Tágides Lisboetas que "penteiam"...
Como diria o grande Caetano, quando numa das suas musicas lhe deu uma “vontade fela-da-puta/ de ser americano”:
“…De ficar só no Arkansas
Esbórnia na Califórnia
Dias ruins em New Orleans
O grande mago em Chicago
Ter um rancho de éter no Texas
Uma plantation de maconha no Wyoming…”
Viagens como estas aqui descritas, são-nos oferecidas pelas ambiências, sendo levadas pelo vento… digo eu!!
Hummm que viagem!!!
Aposto que seria cansativa!!
=)
Bastante apelativa, não há dúvida.
Um dia olharás em frente e vais pensar para ti mesmo: "Foda-se o alcatrão queima e ainda tenho tanto para calcorrear", mas viver e sentir o que está a acontecer será sempre melhor que o regozijo duma memória. Que a viagem seja mesmo Grande e que a Poesia, realmente, a tudo permita.
Olá Sr. Anatoly, passei aqui para agradecer sua visita ao meu blog, eu também adoro o nome dele. Uma vez eu li uma crítica de um filme do Godard em que o autor definia o estilo do filme dele como uma private-joke, eu simplesmente adorei a definição... bjuuus
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