30 de jun. de 2009

Imperfecionista II

Não é fácil concordarmos. Se nos arriscássemos a uma definição pela rama, julgar-me-ias utópico e idealista, mimado, um talento desaproveitado (talvez). Sobre ti, arriscaria o epíteto de conservadora liberal. Que tens um emprego bem remunerado mensalmente, estável, e uma posição social com alguns privilégios…

Disposto assim o cenário, é possível que a balança da razão pese mais para o prato. Na verdade, se um de nós fosse o palhaço, seria eu. Tu serias o público em manada a sair do circo com um quarto de sorriso brie na boca e passos firmes em direcção ao estacionamento.
No espelho do bastidor, poupando na realidade por uma garrafa de cognac meia vazia, veria o meu rosto de sonho alegre desmaquilhar-se, com resquícios de algodão a prender-se na barba escanhoada sem esmero nem garantias de um amanhã com devir.

A caminho de casa tu irias trocando de emissora, talvez fumasses um cigarro para te ajudar a pensar nos deveres do dia seguinte e na melhor forma de vazar pilhas de papel sem provimento.
Reedificado homem, e depois de recolhidos às roulottes todos os artistas, eu voltaria ao silêncio da lona tricolor como um general em fato de treino, recolhendo no suor das tuas palmas uma glória invisível, vassourando a solidão…
Num gesto de perplexa humildade, inventando a tua presença, poria de lado a vassoura, e faria uma última vénia…

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3 comentários:

Anônimo disse...

Pois, é que a mulher, segundo alguém, que bem conheceis, é a única espécie que se permite á gabarolice, alternadamente....

Bjs

Sr. Mal disse...

...e anonimamente!

Anônimo disse...

Talvez seja a melhor forma de nos protegermos do Mal...o anonimato.

Outra Anónima.