A miúda loira sorriu para mim, exibindo-me os seus dentes podres dos excessos doces da vida. Viagens acrobáticas ao longo de uma corda a arder, estendida, esticada, abandonada no vertiginoso e escarpado precipício de suas diversas vidas esbanjadas.... ela sorriu-me estranhamente, com os lábios visivelmente tortos, sinal da sua incompleta alegria, como se uma parte de si mostrasse alguma tristeza e quisesse assinalar o facto, moldando a parte anti-sorridente de seus lábios em direcção á terra, ao chão ao esterco... De seu colo, pequeno, seco e mirrado emanava uma aura, um estigma, uma luz ofuscante em forma de estrela, semelhante á imagem de um santo pintado ao estilo kitsh por um Rafael, também, naif dos tempos modernos. A vanguarda renascentista, acompanhada por um folclóre com tendências retro. Das pernas maioritariamente destapadas, deliniadas e finas, visivelmente cansadas das acrobacias circenses praticadas em delirio estridente, escorria um liquido viscoso e altamente contagioso e nocivo a toda a morte que em si existia... era o liquido da vida, o fluido dum corpo masculino em delirio, em frenesi, em extase... Vi, nas suas mãos pequenas e sujas de sangue e terra, chagas do tamanho de diamantes, rubis ou ametistas... era a virgem da cruz, desflorada por um espirito santo encarnado no animal, na besta no pequeno homem que escapou para o museu de arte, onde se infiltrou num quadro surrealista da exposição...
12 de jun. de 2009
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Um comentário:
Projecto uma imagem do teu texto em que os personagens possuem semblantes pesados carregados de mau karma... Uma pintura que não projectaria em nenhuma parede do meu retiro.
Proponho-lhe uma solução para tão nefastas visões!!
Um heterónimo que apreciaria ver desenvolvido na pessoa em si:
Um Sr. Bem.
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