fazes bruxedos como quem faz ciência
e andas e danças
e respiras e olhas
em direcção
aos lugares onde me imagino
a recolher as
gotas do orvalho da tua essência
e a escutar a
linguagem dos pássaros
que chilreiam
Liberdade num voo rasante
fazes
bruxedos tão naturalmente como quem mija e caga
fazes
bruxedos com elefantes e borboletas
fazes bruxedos
porque o amor
primeiro
racional e depois sujo na sarjeta
me ilude com
truques que o mundo já conhece
e dissolve
num copo de utopias rotas
ligasse eu
mais ao mundo
e já não
roubaria bilhetes para sonhos a dois
como os
cachopos traquinas que roubam maçãs
e depois deitam
fora o caroço da sabedoria
por não
precisarem mais dela
e o mundo não
lhes ser mais do que uma fantasia
dessas que tu
sabes fazer sem que te seja pedido
enquanto
andas e danças e respiras e olhas
podes dizer
que estes versos estão do avesso
mostrar as
mangas do vestido e não surgir a carta com que me vences
mas eu sei e
tu sabes que fazes bruxedos
porque caças
monstros que só eu conheço
abrindo
alarvemente escolas de magia para crianças agnósticas
que trago
dentro do corpo chorando quebrados brinquedos