3 de mai. de 2013

Sentimentauro



De todos os venenos que provei
Dos copos por onde bebi
Dos cigarros que fumei
Das esteiras frias onde me deitei
E me adoeceram…

Das bofetadas que me dei
E me doeram

Dos acidentes de automóvel
Ou ser levado em maca para uma sala de operações,
De forçar o peito ao mundo e ouvi-lo rachar
O mundo a rachar…

Nada me preparou para a fina flor
Do amor que te pus em redoma
E caí como Kong
Do alto dos meus sonhos
Contra um chão de formigas necrófagas.

Vende-se bem o amor a quem sente pouco…

Mostrar sentimentos não é para os homens!
O único sentimento que a um homem se permite é o KO
Dentro do ringue…
A única insegurança: - querer a desforra!

Lutar!
Lutar sempre!
Lutar, lutar, lutar…
E ser um bronco para mandar no amor,
Imune a perfumes…

Instalar andaimes firmes por onde os sentimentos possam discorrer
Como água da chuva
Para dar sentido à construção.

Faz sentido um homem à chuva em tronco nu
Como se ela não existisse,
Ainda que isso pareça estúpido num alentejano quieto à beira da estrada…
Mas os sentimentos são como as fotografias e não basta existirem para serem reais:
- Têm de ser bem tirados!


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