26 de abr. de 2012


Sou,
Agora que o gancho de nós se desprendeu
Do fundo do teu mar,
Um náufrago.

Sou tudo e sou infinito,
Acelerando sobre as ondas salgadas
Como um pirata sanguinário.

Escravizei
No barco viking do meu amor
Centenas de mulheres.
Rasgo ao cimo da escada
Um trago de rum
Onde elas remam para lado nenhum.


Sou depois uma senhora que guarda fotografias
Com gente importante
Numa lata de biscoitos.

Enchendo com Nívea
Boiões velhos de Chanel,
Fumando de um maço de tabaco
Propositadamente comprado para a passagem de ano

Ponho um vestido de rainha louca
E adormeço em frente à televisão…


Chamei de puta a minha musa,
Que ela me tratava como puta (assim foi)
De bêbada…
Saí batendo portas
Com sacos ao colo como se fossem filhos
E quando voltei
Ela era um caixeiro-viajante…

Deixou-me tudo,
Inclusivamente os discos,
Mas levou as palavras
E eu fiquei bebendo por um cheiro de roupa
Que me faz ocasionalmente dançar entre velas…


Um comentário:

Anónimo Pralguns disse...

Como dizem os italianos "ma che bello"