Nas tuas mãos de prata, amor, eu deponho o meu coração vencido
E parto!
Parto sem olhar para trás,
Como se nas costas de couro escuro do meu casaco a luz me empurrasse para um universo francês
Apátrida
Desmemoriado de história e de futuro, ao cimo da rua
Num quase silêncio que arranca à boleia, para sempre, como todos os ruídos que se desvanecem
Como um automóvel a que não prestamos atenção e que, possivelmente, não tornaremos a ver…
Nas tuas mãos de prata, amor, eu sepulto o meu coração à sombra do estandarte mais formoso do meu país
E parto para onde a vida se comece de novo, com um cigarro de avental, nas traseiras de um restaurante, aquando de ir levar o lixo…
Não me procures!
Chorar-te-ei várias vezes no balcão dos bares, provavelmente aos sábados,
Quando uma data qualquer me vier lamber uma orelha
E amar-te-ei sempre e também o nosso país
Porque falhamos os três!
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