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ESTOU A MORRER! Não se trata de um mero exercício de retórica. Estou mesmo a morrer! Mais dia, menos dia, mais ano ou menos ano, mais década (eh lá! – viva o optimismo!) ou menos década, vou-me. E vós também. Não adianta negá-lo. O único sentido da vida é a morte. Pelo menos é para lá que ela caminha. Ainda que se troque de rins ou se ponha um par de mamas novas, vamos todos morrer.
Agora que estamos todos elucidados com este reconfortante pensamento, sentemo-nos à mesa. Depois de comer e beber, acendamos o tabaco. Um a um, despejemos sobre a mesa os despojos do assalto que fizemos à vida, como se estivéssemos perante o criador a prestar contas. Vamos supor que Ele existe e ordenou uma pausa para balanço, como se a nossa vida fosse um jogo de futebol com intervalo.
Devo lembrar-vos que a vida não tem intervalo. Ela não pára de perseguir esse instinto de morte. E, por isso, proponho-vos este exercício para discutirmos novas tácticas para combater um universo sem complacências para os nossos elevados desejos. Se nós, os grânulos de pó celeste, não formos capazes de reinventar o cosmos com nova Lei, resta-nos pensar no que pode fazer a nossa bela equipa de gorduchos e esqueléticos amadores perante o 0-15 com que vamos começar a segunda parte.
Quanto a mim, podermos jogar contra as Leis do Universo United já é uma grande honra. Logo, resta-nos pouco mais que levar mais 15 em cima, tal como os nossos antepassados, que julgaram poder vencê-la e morreram de abafo, ou doentes, atropelados em passadeiras, incendiados em casa, engasgados com ossos de frango, entalados na construção civil, de cirrose, afogados, intoxicados a limpar fossas, esmagados por tractores de vindima, caídos dos trapézios, mordidos por animais, assassinados, violados, de fome, de sede, caídos em buracos, torturados por raptores até à morte, roubados para tráfico de órgãos, vendidos pela pátria à guerra, baleados em manifestações, em atentados terroristas, esmagados contra as grades em concertos de música, de hipotermia, de intoxicação alimentar, de pneumonia ou gripe, de coma alcoólico, de overdose, de porrada à saída de uma discoteca, acidente de (a)viação, de exaustão, paragem cardíaca, sida, cancro, doenças em geral, de catástrofe natural, sepultados em minas, caídos de pontes e de pontes caídas, por inalação de gases tóxicos, acidentes de trabalho em geral, a desmontar bombas, comendo cogumelos venenosos, infectados por mijo de ratos, fulminados pela trovoada e pelo Viagra, como escudos humanos, por uma causa qualquer, por uma mulher, por um filho, porque alguém não aguentou mais e disparou bem sem olhar a quem, por ter uma arma, de solidão, de velhice, de medo, de loucura, de tanto sentir… de outro grandes Etecéteras…
E vai começar a segunda parte das nossas vidas. A primeira parte durou 45 minutos o que, traduzido em linguagem cósmica, equivale a 45 anos. A maior parte de nós não conseguirá chegar aos 90. Possivelmente o jogo acabará sem que nenhum de nós chegue ao período de descontos e, mesmo assim, para quê? Não há mercado de transferências para nonagenários. Esqueçamos o futebol. A vida não é um jogo e, se o fosse, seria uma espécie de solitário sem solução possível.
Como diria esse grande JP Simões no final do desabafo 1970 – “O que vamos fazer?”
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14 de mai. de 2009
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5 comentários:
E as faltas? Os fora de jogo? Os penaltis? Mais grave ainda... As agressões?! Onde é que andas os cartões para tudo isso?! Acho que o arbitro (que também não sei onde esta), esta a "gamar"... Será que fomos roubados até a meia parte e vamos, continuar a ser?! É melhor dizer ao Presidente para tentar "comprar" o arbitro... Se não, vai ser goleada pela certa!! E as substituições?! Não ha ninguém que jogue melhor?!
Bjinho*
Itens de uma vida:
- Historial
- Accções(novas)
- Actos pendentes
- Criar tarefas
- Imprimir uma marca
Como numa "valsa quase antidepressiva- com um pouco de sexo e muita poesia ainda nos vamos casar"...
A vida não se resume a itens mas o facto é que eles existem quando se pede uma análise... que fazer? Não adormecer é imperativo.
Mas que grande derby aqui está... o que me alegra, no fim de tudo isto, é saber que o Cristiano Ronaldo, assim como outros da mesma laia, no final deste JOGO também não escapam ao sentido da vida, ou seja à morte...
"Vamos todos morrer, olé... olé... E só eu seeiiiiii porque quero morreer" - já ecoam as claques.
Amigo Mal, mas que grande post... agora olha para a placa, vais ser substituido! Acabou o teu jogo...
Como táctica proponho a mobilização de pessoas e não de soldados para zonas de guerra, de fome e miséria... proponho a mobilização do conhecimento como arma para extinguir a desorientação de valores; porque não sairmos de nossas casas,das nossas pensadas vidas seguras e fazermos algo pelo nosso semelhante? Se esforços e conhecimentos são gratuitos porque não usa-los em ajuda ao semelhante?
Porque não construir casas nas frentes de combate e jardins e parques infantis?
Porque continuamos aqui?
Ya, a imagem projectada da vida como um jogo... Pressuponho que se jogue em equipe...
Quais as cores... quais os ventos que vos guiam?
Não me interessam palavras que fazem subsistir a esperança de um devir... por vir. Aguardo as acções nas quais enveredarei dignamente e confiante.
Quais as regras do jogo?
A ética sem dor?... A permissividade?... O relativismo?
E que tal jogarmos tendo como principal regra o AMOR?
Mas evitemos os lugares-comuns do amor, poluído por tanto uso desajustado. Os vendilhões do templo vendem amor diminuído e falsificado.
AMOR e não a idolatração desses deuses neopagãos que tornam as pessoas em pedras...
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