Durante alguns dias estarei ausente. Sozinho como um eremita. Perto dos ratos e das cobras – doce combinação, especialmente se uma digerir o outro e logo a seguir se suicidar num estrebuchar deleitoso. Longe, de preferência.
Na verdade, sou um eremita de se trazer por casa, o que, logo por aí, é uma contradição. Mas isso não quer dizer coisa nenhuma e, mesmo que dissesse, não interessava. Como pode um aspirante a eremita subjugar-se aos mitos e aos clichés? Vou fazer um retiro, assim é que é. Interessa-me ficar só. Ler, escrever, pintar, pensar. Fazer aquelas coisas que prometemos a nós mesmos quando sonhamos abalar os trilhos monocórdicos das vias de cintura internas, o triste cortejo de se cuspir de uma ponte pedonal.
Se calhar não vou fazer nada disso ou então vou questionar o mundo desde esta cadeira até á lua. Quem sabe dar um salto ao sol, metê-lo num bolso e fazer emboscadas às galáxias, deixar-me sugar pelos buracos negros e fodê-los pelo avesso. Tudo é possível. Enquanto isso, espero fazer um jigo de sangria e algumas refeições; no fim-de-semana receber dois libertinos velados. Daqueles que, quando morrerem, vão abrir um olho no velório, fisgar um par de mamas e, num sorriso que só eu poderia entender, ficarão a rir por dentro, ecoando um timbre grave de mãos a bater no crepúsculo, somente audível por animais. Música para os selvagens e tormento para as criaturas de colo. É! São os meus melhores amigos.
Mesmo assim, espero pintar um quadro para a E., aquele que me (lhe) venho prometendo desde que ela viu em mim o que eu vejo, em pó, a dobrar a esquina dos rios.
Se calhar vou só dobrar os ossos a julgar no seu descanso (dos ossos, entenda-se!).
Acho que vou amanhã! Mas que sei eu da esquizofrenia dos relógios?
25 de jun. de 2008
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