5 de ago. de 2013

O mais miserável herói


os pássaros da minha terra têm a liberdade rasgada,
tal como este povo, que os fita como fátuas velas.
são agora estátuas de memórias dissolvidas em nada,
levadas pelos mares onde se danaram caravelas.

é verdade! permanecem conservados os versos ainda,
que esta terra elevaram corrompendo clássicas epopeias.
triste sina cantar a pátria, o rei decrépito e a sua vinda,
mas a isso condena a fome e a necessidade das plateias.

somos talvez o mais miserável herói que a literatura conhece
pois, mesmo apesar dos golpes, em nós a revolta não cresce.

pela perfídia do orgulho necrófago, Lisboa está morta!
não a cidade! essa pouco importa!
(pois que viva, se do estrangeiro obtiver concordância!)
o que morreu foi a esperança,
de lonjura em relação à substância.

pode ser que um dia retorne Ulisses e nos pague a fiança…

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